Deixa pra lá. Não importa.
Você não vai saber, mas quem liga?
Os porquês já não interessam mais.
Quem fez o que, quem deixou de falar quando deveria ter dito algo, quem deixou de demonstrar... Isso tudo já passou.
Não vai voltar.
Deixa.
Vai, fecha essa porta e olha o que tem ali na frente.
Segue... Continua.
Não pensa no que já não se pode mais discutir.
Tenha calma.
Respira fundo, canta uma música, sorri.
Olha pro mundo, cheio de gente.
Espera.
Sê feliz.
Aproveita o que você tem de bom (e você tem!).
Agradece.
Olha pro céu.
Anda... Não para.
E deixa pra lá.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
[...] é sempre sobre aquilo de que está cheio o coração.
Eu queria saber fazer poesias. Queria mesmo.
Daquelas que as pessoas apaixonadas fazem, contando sobre a espera para ver a pessoa amada, sobre aquele olhar que a faz estremecer, sobre aquela voz ou aquela música que enche o coração de energia quando se faz ouvir.
Talvez eu esteja sendo injusta com as poesias dizendo que não sei fazê-las,
pois elas são tão simples que mesmo uma criança pode conseguir, e eu já fiz algumas (poucas) quando estive apaixonada.
Mas hoje eu não sei mais...
Pode parecer amargura, mas eu admito: não sei mais escrever aqueles pequenos textos que rimam ou não, e que resumem um sentimento com poucas palavras. Poesia, pra mim, pede um coração que espera, um coração que bate por um motivo em especial, um coração que sorri e que carrega dentro de si aquela pessoa que lhe faz feliz.
[Ih, lá vem a solteirona amarga...
Não! Não é amargura, é só uma constatação. Juro.]
Poesia é leve, é alegre, é esperançosa. E um coração vazio pode até tentar, mas não consegue poetizar sobre um sentimento que lhe falta - ou, talvez, que ele mesmo tenha afastado de si, para não doer mais em vão.
E quando eu leio poesias, me dá vontade de ter um coração poeta, apaixonado, jovem, ingênuo. Esses são os corações mais felizes, eu sei! Sei pois o meu já foi assim um dia: bobo, ingênuo, carente e sonhador; e era, sim, muito bom. Hoje eu sinto saudade dele, desse coração tão bonito. Não que ele seja um coração ruim - longe disso! Mas hoje esse coração é meio desconfiado, cansado, querendo se aposentar, ainda que esteja novo [invalidez, talvez?].
Assim fica difícil fazer poesia.
Daquelas que as pessoas apaixonadas fazem, contando sobre a espera para ver a pessoa amada, sobre aquele olhar que a faz estremecer, sobre aquela voz ou aquela música que enche o coração de energia quando se faz ouvir.
Talvez eu esteja sendo injusta com as poesias dizendo que não sei fazê-las,
pois elas são tão simples que mesmo uma criança pode conseguir, e eu já fiz algumas (poucas) quando estive apaixonada.
Mas hoje eu não sei mais...
Pode parecer amargura, mas eu admito: não sei mais escrever aqueles pequenos textos que rimam ou não, e que resumem um sentimento com poucas palavras. Poesia, pra mim, pede um coração que espera, um coração que bate por um motivo em especial, um coração que sorri e que carrega dentro de si aquela pessoa que lhe faz feliz.
[Ih, lá vem a solteirona amarga...
Não! Não é amargura, é só uma constatação. Juro.]
Poesia é leve, é alegre, é esperançosa. E um coração vazio pode até tentar, mas não consegue poetizar sobre um sentimento que lhe falta - ou, talvez, que ele mesmo tenha afastado de si, para não doer mais em vão.
E quando eu leio poesias, me dá vontade de ter um coração poeta, apaixonado, jovem, ingênuo. Esses são os corações mais felizes, eu sei! Sei pois o meu já foi assim um dia: bobo, ingênuo, carente e sonhador; e era, sim, muito bom. Hoje eu sinto saudade dele, desse coração tão bonito. Não que ele seja um coração ruim - longe disso! Mas hoje esse coração é meio desconfiado, cansado, querendo se aposentar, ainda que esteja novo [invalidez, talvez?].
Assim fica difícil fazer poesia.
sábado, 3 de novembro de 2012
Ridículo
Ela chegou descalça. Sapatos em uma mão, chaves em outra e uma lágrima no olho direito que nem o rímel à prova d’água conseguira segurar. Ela abriu a porta sem fazer barulho, entrou e fechou, trancando com força todas as trancas e dando todas as voltas que a chave permitia dar, num desejo de trancar para fora todo o sentimento que fizera aquela lágrima cair... ("quem sabe se ele ficar para fora por toda a noite, se canse e vá embora...")
Ela prometera nunca mais chorar assim. Não de novo. Não quando ela sabia que isso não era nada e que ia passar – portanto não havia razão para chorar e cultivar rugas. Não quando ela mesma já sabia como iria acabar. ("se já sabia, por que tentou?")
Passou pela sala e pela cozinha sem fazer barulho, com as luzes apagadas mesmo. Entrou em seu quarto. Acendeu a luz. [...] Ficou se olhando no espelho, sem piscar ou sorrir. Seu vestido era novo, florido (haviam lhe dito que suas pernas eram bonitas e ela deveria mostrá-las mais – "mas amigos às vezes dizem coisas para agradar, mesmo que não sejam verdade..."). Seu cabelo tinha sido cuidadosamente (e demoradamente) arrumado com grampos, do jeito que ela gostava de arrumar. Suas unhas estavam curtas e pintadas, do jeito que ela gosta ("você devia deixar suas unhas crescerem, os homens gostam"; "mas unhas compridas demais atrapalham..."). O batom era seu preferido, o vermelho ("homens não gostam muito de batom vermelho"; "mas EU gosto..."), e os sapatos – que ela nem percebera, mas ainda os segurava em sua mão – eram oxfords, novos também, que embora os homens também não gostassem ("os homens não gostam de sapatos diferentes"), ela adorava ("eles são cor de rosa e nude!"). Ela usava brincos, colar, anéis. E por mais que se olhasse, não conseguia encontrar o erro na imagem do espelho. Ela fizera questão de ser ela mesma, sem disfarces (quem gostar de você vai gostar exatamente do jeitinho que você é”). Qual teria sido o problema desta vez? (“o que foi que eu fiz de errado agora?”)
As palavras não paravam de ecoar em sua cabeça: “Você é perfeita, é tudo que qualquer cara quer, mas você merece muito mais do que eu tenho pra te dar”. CACETE. De novo a mesma desculpa. DE NOVO.
Ela se sentia ridícula. Do fundo de seu coração, que batia nervoso e cansado ao mesmo tempo, o sentimento gritava “Sua ridícula!”. Sua imagem era ridícula. Os pés no chão eram ridículos, o vestido era ridículo, aquela lágrima – que escorria de novo – era ridícula.
Já era madrugada, ela não queria fazer barulho, mas decidiu tomar um banho (“quem sabe se eu me sentir limpa, consiga me sentir um pouco menos ridícula...”). A água escorrendo em seu rosto misturou-se com algumas lágrimas, e ela evitou olhar-se no espelho quando saiu do chuveiro. (“vai passar, sua ridícula.”)
[...]
Deitada, olhando pro teto, ela enxergava aquela noite como se fosse um filme – e, o pior: um filme que ela já assistira várias vezes, e mesmo assim quis assistir de novo, com um protagonista diferente. Era como pagar para assistir ao trigésimo nono remake de Titanic: o navio sempre afunda no final. Não importam diretores, roteiristas, atores. O navio afunda. E assim, ela se sentia o próprio Titanic: sem salvação... ("sempre vai ser o mesmo final.")
No dia seguinte os amigos perguntariam “e aí, como foi?”; e ela já pensava no quão cansativas seriam aquelas horas, não por contar “ele (também) me deu um fora”, mas por ouvir as mesmas coisas, pela enésima vez, dos amigos (“ele não te merece mesmo”; “eu disse, não disse?”; “ah, deixa pra lá, você vai conhecer alguém melhor do que ele...”. "aham, tá.")
Mas o pior não seria ter de contar ou ouvir a mesma história. O pior não era ela se sentir ridícula e ter chegado em casa sem os sapatos. O pior não seria nem seu cabelo no dia seguinte (ela deitou-se com os fios molhados...). O pior é que ela realmente acreditara que com aquele cara seria diferente (“ele parece gostar de mim como eu sou...”).
É, pareceu mesmo. Mas não, ele não gostava. Ou gostava, e foi um daqueles casos de amores complicados. [...] Não, tá. Ele não gostava. Aquela não era a hora de criar teorias românticas a la Romeu e Julieta (“até Romeu amou a ponto de morrer quando pensou que sua amada estava morta, e ela se matou quando teve a certeza de que ele morrera de vez”).
Ela acreditou. Ela arriscou. Ela estava disposta a tentar de verdade... Estava disposta a deixá-lo entrar em sua vida. E quando ela pensava que não, não ia rolar... Ela se apaixonou. (sim, de novo...) E isso era o pior: se apaixonar sabendo que sempre que ela se apaixona, ele se desapaixona. É essa a regra. Que ingênua pensar que seria diferente... Que boba. Que ridícula. E aquela era apenas a primeira noite de cura de uma paixão não correspondida: dormir sentindo-se ridícula, imaginando que deve ser feia demais para ninguém levar em conta suas qualidades ("não, não é verdade que eu sou perfeita, ele me acha feia e ridícula"), e procurando filmes novos para assistir e livros novos para ler, até que, de novo, ela se sinta pronta para arriscar mais uma vez.
[...]
Ela prometera nunca mais chorar assim. Não de novo. Não quando ela sabia que isso não era nada e que ia passar – portanto não havia razão para chorar e cultivar rugas. Não quando ela mesma já sabia como iria acabar. ("se já sabia, por que tentou?")
Passou pela sala e pela cozinha sem fazer barulho, com as luzes apagadas mesmo. Entrou em seu quarto. Acendeu a luz. [...] Ficou se olhando no espelho, sem piscar ou sorrir. Seu vestido era novo, florido (haviam lhe dito que suas pernas eram bonitas e ela deveria mostrá-las mais – "mas amigos às vezes dizem coisas para agradar, mesmo que não sejam verdade..."). Seu cabelo tinha sido cuidadosamente (e demoradamente) arrumado com grampos, do jeito que ela gostava de arrumar. Suas unhas estavam curtas e pintadas, do jeito que ela gosta ("você devia deixar suas unhas crescerem, os homens gostam"; "mas unhas compridas demais atrapalham..."). O batom era seu preferido, o vermelho ("homens não gostam muito de batom vermelho"; "mas EU gosto..."), e os sapatos – que ela nem percebera, mas ainda os segurava em sua mão – eram oxfords, novos também, que embora os homens também não gostassem ("os homens não gostam de sapatos diferentes"), ela adorava ("eles são cor de rosa e nude!"). Ela usava brincos, colar, anéis. E por mais que se olhasse, não conseguia encontrar o erro na imagem do espelho. Ela fizera questão de ser ela mesma, sem disfarces (quem gostar de você vai gostar exatamente do jeitinho que você é”). Qual teria sido o problema desta vez? (“o que foi que eu fiz de errado agora?”)
As palavras não paravam de ecoar em sua cabeça: “Você é perfeita, é tudo que qualquer cara quer, mas você merece muito mais do que eu tenho pra te dar”. CACETE. De novo a mesma desculpa. DE NOVO.
Ela se sentia ridícula. Do fundo de seu coração, que batia nervoso e cansado ao mesmo tempo, o sentimento gritava “Sua ridícula!”. Sua imagem era ridícula. Os pés no chão eram ridículos, o vestido era ridículo, aquela lágrima – que escorria de novo – era ridícula.
Já era madrugada, ela não queria fazer barulho, mas decidiu tomar um banho (“quem sabe se eu me sentir limpa, consiga me sentir um pouco menos ridícula...”). A água escorrendo em seu rosto misturou-se com algumas lágrimas, e ela evitou olhar-se no espelho quando saiu do chuveiro. (“vai passar, sua ridícula.”)
[...]
Deitada, olhando pro teto, ela enxergava aquela noite como se fosse um filme – e, o pior: um filme que ela já assistira várias vezes, e mesmo assim quis assistir de novo, com um protagonista diferente. Era como pagar para assistir ao trigésimo nono remake de Titanic: o navio sempre afunda no final. Não importam diretores, roteiristas, atores. O navio afunda. E assim, ela se sentia o próprio Titanic: sem salvação... ("sempre vai ser o mesmo final.")
No dia seguinte os amigos perguntariam “e aí, como foi?”; e ela já pensava no quão cansativas seriam aquelas horas, não por contar “ele (também) me deu um fora”, mas por ouvir as mesmas coisas, pela enésima vez, dos amigos (“ele não te merece mesmo”; “eu disse, não disse?”; “ah, deixa pra lá, você vai conhecer alguém melhor do que ele...”. "aham, tá.")
Mas o pior não seria ter de contar ou ouvir a mesma história. O pior não era ela se sentir ridícula e ter chegado em casa sem os sapatos. O pior não seria nem seu cabelo no dia seguinte (ela deitou-se com os fios molhados...). O pior é que ela realmente acreditara que com aquele cara seria diferente (“ele parece gostar de mim como eu sou...”).
É, pareceu mesmo. Mas não, ele não gostava. Ou gostava, e foi um daqueles casos de amores complicados. [...] Não, tá. Ele não gostava. Aquela não era a hora de criar teorias românticas a la Romeu e Julieta (“até Romeu amou a ponto de morrer quando pensou que sua amada estava morta, e ela se matou quando teve a certeza de que ele morrera de vez”).
Ela acreditou. Ela arriscou. Ela estava disposta a tentar de verdade... Estava disposta a deixá-lo entrar em sua vida. E quando ela pensava que não, não ia rolar... Ela se apaixonou. (sim, de novo...) E isso era o pior: se apaixonar sabendo que sempre que ela se apaixona, ele se desapaixona. É essa a regra. Que ingênua pensar que seria diferente... Que boba. Que ridícula. E aquela era apenas a primeira noite de cura de uma paixão não correspondida: dormir sentindo-se ridícula, imaginando que deve ser feia demais para ninguém levar em conta suas qualidades ("não, não é verdade que eu sou perfeita, ele me acha feia e ridícula"), e procurando filmes novos para assistir e livros novos para ler, até que, de novo, ela se sinta pronta para arriscar mais uma vez.
[...]
Assinar:
Postagens (Atom)